No que se
refere à génese e natureza do Serviço Social aparecem duas teses distintas: A
perspectiva endogenista que sustém o surgimento do Serviço Social na evolução e
profissionalização das formas de ajuda, caridade e filantropia. Nesta
perspectiva a profissão é vista a partir de si mesma. Os autores não consideram
o real como fundamento e causa da génese e desenvolvimento profissional
associando as etapas do Serviço Social a momentos históricos. Os defensores
desta perspectiva eram essencialmente provenientes de um Serviço Social
tradicional e aqueles que entendem os “antecedentes” do mesmo como sendo
qualquer forma anterior de ajuda retomando a sua análise à Idade Média.
A segunda
perspectiva é a histórico-crítica que surge em oposição à anterior. Entende o
aparecimento da profissão como o resultado da síntese dos projectos
político-económicos que ocorrem num desenvolvimento histórico. Considera o
assistente social como um profissional que desempenha um papel político tendo
uma função que não se explica por si mesma, mas pela posição que este ocupa na
divisão do trabalho. Esta tese parte de uma visão totalizante que vê surgir a
profissão associada a uma ordem socioeconómica determinada e a um contexto específico.
Constitui o assistente social como um executor terminal de políticas sociais.
Em suma a
primeira tese vinculada à perspectiva evolucionista e endogenista compreende
que a legitimidade do Serviço Social assenta na “especificidade” da sua prática
profissional. Entende como específico do Serviço Social a prestação de serviços
direccionados aos sectores empobrecidos e carentes da população bem como uma
pesquisa social orientada para a acção. Esta perspectiva revelou-se rígida e
descontextualizada historicamente no que diz respeito aos processos de
atribuição de resposta às necessidades sociais.
A perspectiva
histórico-crítica parte de um Serviço Social legitimada oficialmente pelo papel
que cumpre na e para a ordem burguesa mediante a sua participação
fundamentalmente no Estado como executor terminal de politicas sociais.
Desempenha funções de controlo e apaziguamento da população em geral e das
classes trabalhadoras em particular conduzindo à acumulação capitalista.