O que é uma profissão ?


Relativamente à conceptualização de profissão podemos distinguir dois grandes períodos: o primeiro remonta aos anos anteriores à década de 70 do séc. XX e que era dominado pelas ideias funcionalistas e interaccionistas. As primeiras pressupunham a profissão como uma comunidade relativamente uniforme onde os profissionais partilham identidades, valores, definição de papéis e de interesses e privilegiavam aspectos respectivos à organização da institucionalização da profissão. O interaccionismo defende que é necessário conhecermos a profissão em todos os seus aspectos e os motivos que levaram à sua institucionalização. Os interaccionistas dão enfâse à vertente subjectiva das relações entre e pessoa e o profissional, os vários grupos profissionais e, ainda, entre os indivíduos do mesmo grupo profissional. Estas duas vertentes ignoram as condições socioeconómicas e os processos culturais nas quais se desenvolvem o processo de profissionalização, e por isso não têm em conta o contexto social. O segundo período é posterior à década de 70 e é marcado pelo aparecimento de uma pluralidade de teorias. Apesar da variedade de teorias agora existentes, todas elas assentam em princípios comuns tais como: a ligação entre as tarefas para as quais existe um mercado; a formação fornecida pelo sistema de educação; o acesso e controlo dos trabalhadores especializados no desempenho das suas funções.

Em 1915 Flexner reconheceu seis traços profissionais comuns a todas as profissões:

·         As profissões lidam com operações intelectuais associadas a uma elevada responsabilidade individual:

·         Os seus materiais de base são retirados da ciência e de um saber teórico;

·          A sua aplicabilidade terá uma finalidade socialmente útil e com elevado carácter pragmático;

·         As profissões são transmitidas e desenvolvidas num contexto de um ensino formalizado;

·         As profissões tendem a auto-organizar-se em associações;

·         Os fins das profissões e dos respectivos elementos devem ter um caracter altruísta com responsabilidade moral.

Segundo estes critérios só o Direito e Medicina eram considerados profissões.

A constituição das profissões segundo Dubar (2000) e Rodrigues (2002) decorreria de:

·         A especialização de serviços de forma a satisfazer uma determinada clientela;

·         A criação de associações profissionais que controlam as regras de conduta profissional (códigos éticos e deontológicos);

·         A existência de uma formação específica fundada num corpo organizado de teorias, permitindo a aquisição de uma cultura profissional.

Já Wilenski (1964) apresentou os seguintes critérios:                          

·         A passagem de actividade amadora a ocupação a tempo inteiro;

·         Estabelecimento de controlo sob a formação;

·         Criação de associações profissionais;

·         Protecção legal;

·         Existência de códigos de ética.